27.07 | T. de deslocação 06:31:20 | Vel. Média 12,9 Km/h | Vel. Máxima 56,0 Km/h
Tinha
chovido imenso durante a noite, mas apesar do terreno estar enlameado, estava
sol. Esperava-nos agora a restante
subida até à Cruz de Ferro.
Foncebadón
é a povoação que o caminho cruza e esteve quase abandonada até ao final do Séc.
passado. Nesta última década com a revitalização do caminho, apesar do povoado
manter o ar de abandono, já tem albergues e restaurantes.
Com
a subida, a amplitude visual aumenta e as fantásticas paisagens sucedem-se.
Últimas
centenas de metros, com a Cruz de ferro já à vista, ao fundo.
Este
é o ponto mais alto do caminho e está coberto de simbolismo. No topo existe um
tronco com uma Cruz de Ferro no cimo. O monte, dizem, foi construído com as
pedras levadas pelos peregrinos. Alguns dizem que se deve levar uma pedra com o
tamanho dos nossos pecados, por acaso ainda lá vi algumas pedras de tamanho
considerável! Preferimos contudo, levar conchas e pequenas pedras com assinaturas
de familiares e de amigos, só para participar!
Existe
lá de tudo; chinelos, luvas de btt, fotos, placas, bandeiras, lenços, cartões e
muitas, muitas pedras assinadas. À primeira vista até parece lixo, mas depois vendo
em detalhe, verifica-se que todos os objectos estão identificados e quase todas
as pedras estão, ou já estiveram assinadas.
É
um lugar com muito simbolismo e um pouco estranho!
A
seguir, em Manjarín assistimos a um estranho ritual, dois homens vestidos como
cavaleiros Templários, com espada e tudo, prestavam homenagem à figura da
Santa.
Manjarín
é uma pequeníssima povoação e esteve completamente abandonada. Apenas com um
pequeno bar e um albergue deve o seu renascimento à passagem dos peregrinos.
Depois
de Manjarin apesar do perfil ser predominantemente descendente ainda existiam
algumas subidas.
Finalmente,
persentia-se que a grande descida iria começar.
Nos
próximos quilómetros segundo o perfil, esperava-nos uma descida abrupta.
No
início da descida porém, verificamos que num grupo enorme de peregrinos, a
esmagadora maioria prosseguia pela estrada e só dois desciam por aqui. Achámos
muito estranho porque os peregrinos que faziam o caminho a pé, normalmente
optavam por seguir o caminho “original” evitando sempre a opção em estrada.
Pouco depois percebemos porquê.
Até
à pequena povoação de El Acebo, a descida apesar de muito íngreme não causou
grandes sobressaltos.
A
partir desta povoação é que se tornou bastante diferente.
Esta
descida foi tudo menos agradável.
Tem
seções com pedra lisa mas escorregadia, seções íngremes com pedra muito
angulosa, caminhos estreitos sobre pedra solta e o precipício por vezes à
espreita, sugeria precaução.
Mas
mais uma, vez as paisagens compensavam o esforço.
Mais
pedra.
A
descida finalmente cessou em Molinaseca. A“Puente Medieval de Peregrinos”
é o orgulho da povoação.
O
“Ayuntamiento” local, refere-se a Molinaseca como o “oásis do caminho”.
Durante
alguns (poucos) quilómetros o caminho continuava pela estrada até Ponferrada.
Com
cerca de 70.000 habitantes Ponferrada é uma das últimas grandes cidades no
caminho até Santiago. O Castelo de Ponferrada ou Castelo dos Templários, teve a
sua origem num castro que deu posteriormente origem a uma cidadela romana.
O
Castelo foi construído entre o final do Séc. XII e início do Séc. XIII por
iniciativa dos monges-soldados da Ordem dos Templários.
O
perfil altimétrico para os quarenta quilómetros seguintes indicava uma travessia
mais ao menos plana até à grande subida até ao Cebreiro.
Poucos quilómetros depois, passávamos por Columbrianos onde se encontra a Ermita de San Blas y San Roque. Neste local existiu um importante ponto de apoio aos peregrinos.
O
recorte das montanhas começava a aparecer no horizonte.
Como
tinha estado a chover no dia anterior, as pausas para retemperar forças eram
também aproveitadas para pôr as roupas a secar.
Mais
vinhas depois de Pieros.
Em
Villafranca del Bierzo destaca-se a Igreja de Santiago, templo Românico
construído no final do Séc. XII.
E
a ponte medieval construída sobre o Rio Burbia.
Durante
os quilómetros seguintes iria começar lentamente a ascensão até Cebreiro.
Depois
de vencida a primeira montanha logo pela manhã, aproximava-se agora outra
montanha famosa, com a subida ao cume, o Cebreiro a atingir uma altimetria
quase semelhante. Só que neste caso como se desce bastante desde a Cruz de
Ferro, o diferencial a vencer seria maior!
A
subida lá apareceu e só algumas horas depois conseguimos chegar ao topo. Em
Laguna de Castilla, já a poucos quilómetros do cume descobrimos que por ali, já
estava tudo esgotado, já não havia camas disponíveis. Agora a única opção era mesmo o
Cebreiro.
Aparecia
de novo o frio e o vento forte. Finalmente no cume e já depois de termos
reservado os últimos dois lugares disponíveis, fomos jantar.
Sem comentários:
Enviar um comentário