quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Caminho Sanabrês | 3 Dias - 300 km | Bragança a Requejo


49.48 Km
11.08 | T. deslocação 02:26:23 |Vel. Média 16,9 Km/h |Vel. Máxima 48,0 Km/h

A viagem de autocarro decorreu durante toda a manhã e permitiu fazer a ligação entro o Porto e Bragança. Em Bragança começaram os preparativos finais, almoço ligeiro e por volta das 13h30 começámos a pedalar em direção a Puebla de Sanabria, local onde pretendíamos interceptar e dar início ao nosso caminho até Santiago. 

Com temperaturas elevadas a rondar os 40º apetecia tudo menos pedalar, mas devagar lá fomos à procura da N 103, que nos levaria até Espanha através do Parque Natural de Montesinho.

 A N 103 é uma estrada típica de montanha e neste sentido apresenta um desnível positivo considerável que debaixo de Sol intenso obrigou a algumas paragens para abastecer de água. O calor era tanto que depois de literalmente nos encharcarmos debaixo dos chafarizes das povoações locais, em poucos metros, até antes de retomarmos a estrada, a água já tinha evaporado e estávamos secos de novo! Lá continuávamos a subir ao Sol.



Em pouco tempo chegamos à fronteira. Depois da fronteira ainda faltavam cerca de 20 km até Puebla de Sanabria. A paisagem altera-se com a subida, torna-se mais inóspita, as casas e as pessoas são agora inexistentes.


Pouco tempo depois, estávamos finalmente em Puebla de Sanábria.


Continuava o calor intenso. Foram precisos muitos litros de água para conseguir lá chegar! 
No albergue local obtivemos o carimbo para a nossa credencial e fizemos os cerca de 10 km até Requejo. Já estávamos no caminho!

 

Caminho Sanabrês | 3 Dias - 300 km | Requejo a Laza

87.69 Km
12.08 | T. deslocação 07:32:24 |Vel. Média 9,2 Km/h |Vel. Máxima 53,0 Km/h



Estava previsto para este dia, a superação de dois pontos importantes. O primeiro a 1345m o Alto do Padornelo e o outro poucos quilómetros depois da descida ao Santuário de Tuiza, o Alto de Canda a 1281m. Uma manhã em cheio certamente. Contudo mais uma vez se verificou que o perfil altimétrico se torna insuficiente para caraterizar o percurso.
A subida ao Alto de Padornelo até começou relativamente bem, um single track com sombra, aprazível a cruzar a floresta densa.


Contudo com a subida, o percurso transformou-se e rapidamente começaram a aparecer seções muito técnicas que associadas ao desnível positivo transformaram a subida num verdadeiro desafio. 


Depois, piorou. Com passagens impossíveis de percorrer em duas rodas, as bicicletas tiveram mesmo que ser empurradas à “mão” várias dezenas de metros monte acima. 
O maior prémio destas subidas é sempre a paisagem esplêndida que invariavelmente se avista depois de alcançado o cume.


Em direção ao Santuário de la Tuiza fomos cruzando inúmeras povoações. Na imagem seguinte, temos Lubían.
No fim do vale encontra-se o Santuário da la Tuiza, templo barroco dos finais do séc. XVIII e na sua construção foram utilizadas algumas pedras provenientes da antiga ermida.

Dava-se agora início à subida ao Alto de A Canda. Mais do mesmo, subida muito técnica, muito íngreme, com muitas seções impossíveis de transpor em cima da bicicleta.

O caminho tornava-se agora mais suave já próximo da fronteira da comunidade autónoma de Castela e Leão. Entrávamos agora na província de Ourense, comunidade autónoma da Galiza.
Em A Gudina, paragem para almoço, com vista.

O objetivo do dia era chegar a Laza. Mas ainda faltava muito caminho.
Surgiu a seguir a A Gudina, a informação sobre o corte no caminho devido aos trabalhos de construção da rede de Alta velocidade. O desvio proposto através de Verín implicava somar mais uns quantos quilómetros ao percurso e pior do que isso somar várias centenas de metros de desnível positivo dado que Verín se encontrava bastante mais baixo e depois teríamos que retornar à cota inicial.   


Descer para ter que voltar a subir numa jornada já muito cansativa não é a melhor das notícias, mas o caminho é mesmo assim

E mais uma vez a paisagem, compensava o esforço. Terminado o desvio, prosseguíamos agora ao lado de Embalse das Portas, cenário que proporcionou fotos memoráveis.

Poucos quilómetros à frente começava finalmente a descida até Laza. Descida muito rápida por sinal. Vista fabulosa a Norte!

... e também a Nascente!

E o caminho continuava agora em formato de linha de contorno.

Esta etapa apesar de não ter sido particularmente extensa, apresentou um desnível positivo na casa dos 2000 m e junto com as centenas de metros a empurrar as bicicletas tornou-se algo desgastante.

Finalmente em Laza!

Caminho Sanabrês | 3 Dias - 300 km | Laza a Laxe

115.45 Km
13.08 | T. deslocação 08:26:29 |Vel. Média 11,9 Km/h |Vel. Máxima 68,2 Km/h



Graças a uma noite muito mal dormida o dia começou muito cedo, o despertar foi às 5h da manhã (4h em Portugal). Depois da habitual revisão às bicicletas e depois de tudo arrumado prosseguimos viagem. A ideia era "atacar" cedo a subida que nos esperava à frente, evitando assim horas de maior calor.  Tínhamos que vencer nos próximos quilómetros os cerca de 500 m de desnível positivo até Cruz de Madera, estava frio e nevoeiro denso.
Depois prosseguimos em direção a Xunqueira de Ambía.
O caminho apresentava aqui algumas seções a fazer lembrar muitas das retas do Caminho Francês. 

E outras seções a remeter para a imagem da floresta encantada, retratada nos contos dos irmãos Grimm. 


Xunqueira de Ambía é uma pequena povoação com menos de 2000 habitantes.
O albergue está situado poucas centenas de metros antes da povoação.

Xunqueira de Ambía tem o centro bem arranjado e em bom estado de conservação.

A Igreja de Santa María de Xunqueira de Ambía pertencia ao Mosteiro homónimo fundado no Séc. X. 
Com data de construção de 1164 a Igreja é marcada pelo seu imponente contraforte. 
Até Ourense e dado o desnível negativo, foram provavelmente os 20 km mais fáceis deste caminho.
Contudo, com o Sol a despontar voltavam as temperaturas altas e a necessidade de abastecimento de água era constante. 
Paragem para almoço em Ourense.

Ourense é uma cidade com cerca de 115.000 habitantes e é também a capital de província.  
Referência para a excelência do desenho urbano, característica para a qual os nossos vizinhos já nos têm vindo a habituar desde há muitos anos e aqui apenas como exemplo o Xardin do Posío no centro da cidade.

Aproximava-se o Rio Minho, ou Miño como se diz por estes lados e a travessia foi feita através da Ponte Maior de Ourense, ou Ponte Romana ou Ponte Medieval ou ainda Ponte Velha, que são as diversas designações desta ponte. A ponte terá sido começada a construir no reinado de Augusto, no Séc. I d.C. Desse período, apenas a parte inferior de alguns pilares pertencerá ainda à original ponte romana. O seu aspeto atual é o reflexo das obras de restauração do Séc. XVII. A ponte estava integrada na estrada romana Via XVIII do itinerário de Antonino, também conhecida como Via Nova ou Geira.

A jusante a Ponte do Milénio, cuja autoria é muitas vezes atribuída a Santiago Calatrava mas que pertence na realidade ao arquiteto Álvaro Varela.

À saída de Ourense sabíamos que iríamos ter uma grande desnível positivo para vencer, mas acho que não há preparação possível para este “caminho real”.
Antigo caminho Real de ligação a Norte.
Esta foi talvez a subida mais íngreme que alguma vez fizemos. No perfil altimétrico, esta linha chega a estar muito próximo da vertical!

A somar ainda tínhamos calor intenso e moscardos a picar constantemente. Toda a água que trazíamos, desapareceu! 

Felizmente havia uma fonte estrategicamente colocada no final da subida!

A má notícia era que ainda havia muita subida pela frente.
De novo fomos encontrando caminho muito técnico, que obrigou a um andamento mais lento do que estávamos à espera. O caminho foi-se revelando uma verdadeira “caixinha de surpresas” porque facilmente entrávamos num bosque com um caminho fácil e aspeto agradável e poucos quilómetros à frente já estávamos a empurrar as bicicletas à “mão” através de pedras enormes. Fantástico este caminho!
O dia acabou em Laxe, e pernoitamos num albergue de construção recente e com grande qualidade.
Finalmente o merecido descanso para um dia tão comprido e tão desgastante.

Foram pouco mais de 115 km e com um desnível positivo acumulado a ultrapassar os 2000 m. Mas valeu a pena. Agora só faltavam cerca de 50 km para Santiago.